A história que conto aqui começa com um simples pedaço de madeira que poderia se transformar em qualquer coisa, mas, com o amor de seu construtor, que usando outros materiais e equipamentos, transformou esse pedaço de madeira em um instrumento musical único que, certamente, tem o poder de emocionar as pessoas em qualquer lugar do mundo.
Esse instrumento genial nos proporciona tocar uma parte rítmica e uma melódica ao mesmo tempo, podendo assim oferecer diversos estilos musicais. Por meio do ar que passa pelas palhetas de alumínio que as fazem vibrar, são gerados os sons que chegam às pessoas com alegria, drama, suspense, ação, entre outras emoções.
Além de ser um instrumento completo, é tocado próximo ao corpo, já que fica pendurado no peito, fazendo com que a pessoa que o toca sinta sua vibração e maneje o fole com a intensidade desejada, passando assim com mais fidelidade todo seu sentimento, o que torna este instrumento ser tão carismático. Estamos falando do Acordeão.
A História desse instrumento começou na China em 2700 a.C. com o nascimento de um instrumento chamado Cheng e, após muitos anos de evolução e deslocamento, em 1829 d.C. em Viena, o austríaco Cirilo Demian construiu um instrumento rudimentar de palheta livre, teclado e fole. Em virtude de ter 4 botões na parte da mão esquerda, que por serem tocados simultaneamente, permitiam a obtenção de um acorde, o que o deu origem ao nome Acordeão, que mesmo com outros aperfeiçoamentos usamos até hoje.
O Acordeão logo se tornou popular na Europa principalmente na Itália, França e Alemanha. Graças a essa popularidade virou tradição e chegou ao Brasil com a vinda dos europeus que o trouxeram junto às suas culturas musicais. Aqui houve uma mistura cultural, surgindo as músicas tradicionais gaúchas e nordestinas que existem tradicionalmente até hoje, bem como as primeiras fábricas de acordeões brasileiras.
Com a popularidade no Sul e Nordeste, o Acordeão chegou ao Oeste e Sudeste também, tornando-se muito popular no país inteiro. Em cada lugar do país aderiu-se um "apelido carinhoso" para este instrumento. No Sul, o é conhecido como "Gaita" e no Nordeste como "Sanfona", transformando não só o acordeonista em "gaiteiro ou sanfoneiro", mas sim em "protagonista" onde estiver.
Além de ser um instrumento extremamente expressivo, o acordeão se encaixa e se torna "Spalla" em diversos estilos musicais. É impossível pensar em um "Vaneirão sem Gaita", assim como um "Forró sem Sanfona", em uma "Valsa Francesa sem Accordéon", em uma "Tarantella sem Fisarmonica", sobretudo, é impossível pensar em uma "vida sem Acordeão".
É um processo de comunicação, que parte da madeira ao coração das pessoas, mas no meio do caminho é arte, dedicação, competência, persistência e principalmente "Amor" do processo de construção do instrumento à execução de uma música para o público. Esta excelência é o que causa as lindas emoções nas pessoas, fazendo-as aplaudirem o acordeonista e a música que parte do pedaço de madeira transformado em Acordeão.
By Pedro Mattana
São Paulo, Outubro de 2018.